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Por que pensar a psicologia a partir da literatura é uma boa ideia?

Atualizado: 10 de ago. de 2020

Literatura também é um meio de fazer psicologia. Para mim, não existe uma hierarquia entre os saberes científicos, filosóficos e artísticos. Todos eles são importantes para compreender o humano.

A literatura traz possibilidades de reflexão e transformação social, permitindo maior aproximação da condição humana e pode ser vista como uma alternativa ao conhecimento científico permitindo ao leitor “habitar poeticamente o mundo”, como escreveu o filósofo Wilfer Alexis Yepes Muñoz. Lindo, não?

No campo da psicoterapia, a literatura também tem seu espaço. Por meio de metáforas, é possível capturar, expressar e transmitir emoções. A partir de trechos literários - levando-se em consideração suas múltiplas verdades - é possível revelar a essência de uma emoção e trazer à luz sentimentos não conscientes. Lembrando que a literatura não ocupa o lugar de uma técnica psicológica, mas é um recurso terapêutico que permite acessar a subjetividade.

Essa é também uma das propostas do meu livro Deslaços de Família, que trazem contos permeando o enredo familiar, em seus múltiplos arranjos e diferentes contextos. Como disse Rubem Alves em uma das histórias do seu livro “O sapo que queria ser príncipe”: “Livros são espelhos. Gostamos de um livro não por causa de eventuais informações que ele nos passe, mas porque nos vemos refletidos nele. A literatura é um caminho transversal para incursões no inconsciente.”

Qual seria o objetivo de tudo isso, da psicologia (e psicoterapia) e da literatura, que não a compreensão humana? A compreensão tem a ver com conceber o outro como sujeito. Diz também de uma relação entre sujeitos, sem que o outro seja percebido como objeto. Penso ser esse um caminho fértil para a psicoterapia e para as relações. Compreender a condição humana é também possibilitar soluções para convivência em comunidade. Para entender o homem, faz parte também ler, interpretar e dialogar com os textos literários, sejam contos, romances ou poemas. Essa experiência leva a uma reflexão interior, em que o leitor se depara com a interioridade. Quando amigos me ligam emocionados depois de ler Deslaços de Família, tenho mais certeza do potencial da leitura enquanto acesso à subjetividade e compreensão humana. Quantas vezes um livro te fez perceber a vida de uma maneira diferente, ajudando a compreender as relações humanas?


Ficamos por aqui, grande abraço!

Rodrigo

REFERÊNCIAS

📝LORENZON, Adriane; GALLARDO, Michelle Vyoleta Romero Gallardo. Educación para la comprensión humana: desarrollo de la intersubjetividade desde la complejidad. Revista Educação em questão, Natal, v. 57, n. 53, p.1-18. 2019.

📝MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 4ª ed. Trad. Catarina Eleonora F. da Silva et. al. São Paulo: Cortez/UNESCO, 2001.

📝MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003

📝MUÑOZ, Wilfer, Alexis Yepes. Literatura y existência: hacia una hermenéutica literaria basada en los pressupuestos de una filosofía existencial. Perífrases: vol. 4, n. 8, Bogotá, julio-diciembre, 2013.

📝PEREIRA, Francine Baranoski; LIMA, Siumara Aparecida de. A leitura como ferramenta para desenvolver os sete saberes propostos por Edgar Morin. Fac. Sant’Ana em Revista, Ponta Grossa, v. 1, p. 47-54, 1. 2017

📝ORLINSKY, D. E. Lessons from literature for psychotherapy practice and research. J Clin Psychol. 2018; 74: 213– 217.


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